A abordagem Humanista na Prevenção do Suicídio
- Zilda Moretti
- 6 de set.
- 3 min de leitura

A abordagem humanista na psicologia oferece uma perspectiva profunda e compassiva para a prevenção do suicídio. Em vez de focar apenas na patologia ou nos sintomas, ela prioriza a totalidade da experiência humana. A chave está em reconhecer o indivíduo como um ser único, com potencial inato para o crescimento e a autorrealização.
O Papel do Terapeuta e a Relação Terapêutica
Na psicologia humanista, a relação entre o terapeuta e a pessoa em sofrimento é central. Ela não é vista como uma dinâmica de "especialista versus paciente", mas como um encontro de duas pessoas em pé de igualdade. O terapeuta deve oferecer aceitação incondicional positiva, empatia e congruência (autenticidade).
Aceitação incondicional positiva: Isso significa acolher a pessoa exatamente como ela é, sem julgamentos. Para alguém que está pensando em suicídio, a sensação de ser aceito e compreendido, mesmo com toda a dor e desesperança, pode ser um alívio imenso. Essa aceitação cria um espaço seguro onde o indivíduo pode expressar seus sentimentos mais sombrios sem medo de rejeição.
Empatia: O terapeuta se esforça para entender o mundo interno da pessoa, "caminhando com ela" em sua experiência. Ao sentir que alguém realmente se importa e compreende a profundidade de sua dor, a pessoa pode começar a se reconectar com a possibilidade de ser vista e valorizada.
Congruência: O terapeuta deve ser genuíno e transparente. Ser autêntico em sua compaixão e preocupação fortalece a confiança na relação, tornando-a um pilar de apoio crucial.
Enfatizando a Dignidade e a Autonomia
A abordagem humanista respeita a dignidade e a autonomia da pessoa. O suicídio pode ser percebido, por quem está em sofrimento, como a única forma de recuperar o controle sobre uma vida que parece ter se tornado insuportável. Em vez de simplesmente proibir a ideia do suicídio, o terapeuta humanista busca entender o que essa decisão representa para o indivíduo.
A prevenção, então, não se baseia em tentar "consertar" a pessoa, mas em ajudá-la a redescobrir sua agência e poder pessoal. O foco é explorar quais aspectos da vida podem ser mudados e como a pessoa pode encontrar novas maneiras de lidar com a dor, restaurando sua capacidade de fazer escolhas significativas e encontrar um sentido renovado.
Redescobrindo o Propósito e o Sentido
Uma das contribuições mais importantes da psicologia humanista é a busca por sentido e propósito. O sofrimento que leva ao pensamento suicida muitas vezes está ligado à sensação de que a vida perdeu seu significado.
O terapeuta humanista não oferece soluções prontas, mas guia a pessoa para que ela própria possa encontrar seu caminho. Isso pode incluir a exploração de valores, a identificação de talentos e paixões, e a reconexão com sonhos e metas esquecidos. A meta é que a pessoa comece a ver um futuro onde possa se realizar e encontrar novamente motivos para viver.
Prevenção Além do Consultório
A perspectiva humanista nos lembra que a prevenção do suicídio é uma responsabilidade coletiva. Ela se estende à forma como a sociedade valoriza e acolhe o sofrimento.
* Promover a aceitação: Criar comunidades onde as pessoas se sintam aceitas, não importa o quão vulneráveis estejam.
* Incentivar a empatia: Ensinar a ouvir ativamente e a se conectar com a dor do outro.
* Valorizar a autenticidade: Criar espaços onde a vulnerabilidade não seja vista como fraqueza, mas como parte da experiência humana.
Ao adotar essa abordagem, a prevenção do suicídio se torna um ato de profunda humanidade, focado não apenas em salvar uma vida, mas em ajudar a pessoa a encontrar razões autênticas e significativas para vivê-la.





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